Ulete Mota (1918-2011) nasceu no dia 08 de setembro de 1918 em Santa Rita, município de São Domingos do Prata, onde viveu até os dois anos de idade. Aos 6 anos já brincava de ser “vendeiro” e já adulto lembrava de uma frase de sua mãe nada incentivadora, em que ela dizia: “Quem nasceu pra tatu tem que viver cavando”, referindo-se ao fato de que quem nasceu pobre e na roça deveria viver assim pelo resto de sua vida. Em 1926, aos 8 anos de idade, Ulete vendia biscoitos para as vizinhas no povoado de Santa Isabel, para ajudar a família.
Depois de alguns anos foi para a “Fazenda do Paiva” trabalhar como feitor, onde ficou por 8 anos. Nesta fazenda ele tomava conta de uma equipe de 20 pessoas, entre mulheres e crianças, que trabalhavam na capina. Foi lá que ele também começou a estudar música e se tornou um talentoso tocador de trombone. Em maio de 1941 começou a trabalhar em uma venda em Vargem Linda, ao fim deste mesmo ano, Ulete foi chamado para trabalhar em uma mineradora mas não chegou a começar, pois recebeu um convite para trabalhar em um armazém na roça e demonstrando seu tino comercial, fez uma proposta ao patrão de abrir um armazém em sociedade na cidade. O negócio prosperou e em 1943, Sr. Ulete comprou a parte de seu sócio e teve seu 1º estabelecimento comercial. Em setembro de 1943 casou-se com Dona Solita (1923-2000), que foi sua companheira por 57 anos. Em 1944, veio a João Monlevade a passeio com sua esposa, quando recebeu um convite do maestro da cidade para tocar na Corporação Musical Guarany e este lhe prometera emprego caso viesse. Já estava com exame médico marcado na Companhia Belgo Mineira quando recebeu a notícia que sua esposa passara mal e quase abortara seu primeiro filho, então ele voltou às pressas para Vargem Linda, mas no dia seguinte voltava para a realização do exame na Belgo. Felizmente, como ele mesmo diz, não conseguiu passar no exame porque estava com pressão alta.
Neste meio tempo já havia vendido seu armazém na Vargem, tentou emprego em vários lugares, mas não conseguia por causa da pressão alta. Conseguiu então um trabalho em Barão de Cocais numa venda de um Espanhol, onde começou com um salário mínimo e depois de 15 dias foi transferido para um armazém na roça em Rio Piracicaba. Ulete era descrito como um funcionário dedicado, que melhorou as condições da fazenda, mandou consertar muinhos estragados e era querido pelo proprietário. Por lá ele trabalhou três anos até que se mudou para Caxambu para ser gerente de outro armazém do Espanhol. Com dificuldade e muito trabalho conseguiu comprar uma casinha em Caxambu, em que fez algumas reformas e depois de três anos vendeu e foi com a família, agora com 8 filhos, para João Monlevade.
Com o dinheiro da casa e do acerto com o antigo patrão entrou como sócio do armazém “Cota Melo e Cia Ltda.”, com mais dois companheiros. Em 1º de janeiro de 1961 foi feito o primeiro balanço do estabelecimento que vendia toucinho, fumo e cereal. Com sua entrada na sociedade foram introduzindo produtos de materiais de construção como: material elétrico, cimento e telha. Com cinco anos de trabalho um dos sócios vendeu sua parte aos outros dois e após nove anos de empreendimento o Sr. Ulete comprou o restante da loja tornando-se o único proprietário. A partir dessa data o armazém mudou de nome e passou a se chamar ULETE MOTA e CIA LTDA.
O Sr. Ulete faleceu em 17 de outubro de 2011, o mesmo ano em que a empresa completou 50 anos de fundação, deixando um legado incrível de respeito e trabalho para todo município de João Monlevade.